sexta-feira, 14 de julho de 2017

Bolshoi cancela apresentação da estreia do espetáculo sobre Rudolf Nureyev.



         Rudolf Nureyev
Um dos espetáculos de balé mais esperados do ano – a apresentação do teatro Bolshoi sobre a vida do dançarino soviético Rudolf Nureyev  - foi adiado para 2018. O diretor geral do teatro, Vladímir Úrin, revelou que o espetáculo irá estrear no dia 4 de maio do ano que vem. A data inicial de estreia era nesta terça-feira (11). É a primeira vez em décadas que o teatro Bolshoi cancela a estreia de uma apresentação.
O teatro Bolshoi não poupou despesas nas preparações para “Nureyev”, que terá direção de Kirill Sereberennikov, coreografia de Iúri Póssokhov e música de Iliá Demútski. Os três trabalharam juntos no sucesso “Herói do Nosso Tempo”, balé apresentado no Bolshoi em 2015.
Nesta segunda-feira (10), Úrin organizou uma coletiva de imprensa para falar sobre o cancelamento e afirmou que não houve pressão do governo russo para mudar a data. 
O diretor geral do teatro Bolshoi, Vladímir Úrin, e o diretor do balé Makhar Vaziev Foto: AP
O diretor geral do teatro Bolshoi, Vladímir Úrin, e o diretor do balé Makhar Vaziev Foto: AP
Balé provocante
Nureyev era abertamente gay e deixou a União Soviética de forma escandalosa em 1961. Ele era famoso por sua genialidade, mas também tinha fama por seu comportamento excêntrico.
De acordo com o jornal russo “Kommersant”, o teatro comprou os direitos de uso de uma foto de Nureyev nu, feita pelo fotógrafo Richard Avedon, e travestis foram escalados para dançar em uma das cenas.
Rudolf Nureyev dança em “As Sílfides”, em 1972, em homenagem a Serguêi Diáguilev, na Ópera de Paris Foto: AFP
Rudolf Nureyev dança em “As Sílfides”, em 1972, em homenagem a Serguêi Diáguilev, na Ópera de Paris Foto: AFP
Caso o espetáculo não tivesse sido cancelado, poderia indicar uma mudança de atitude em relação aos homossexuais na Rússia.
Depois que Úrin assistiu ao ensaio final de “Nureyev” no dia 8 de julho, o teatro decidiu substituir as quatro apresentações programadas pelo espetáculo “Dom Quixote”, sem dar maiores explicações. Mas, três dias após o cancelamento, o diretor geral do Bolshoi explicou que a performance foi adiada para o próximo ano porque não estava pronta, e que o coreógrafo Iúri Póssokhov concordou com sua opinião.
Ainda durante a coletiva de imprensa, Úrin disse entender que o adiamento do espetáculo é prejudicial à reputação do Bolshoi, mas que o teatro não terá perdas financeiras. Ele afirmou que a cenografia da performance será mantida e que os ensaios serão retomados em abril de 2018.
Cartaz anuncia a estreia do balé “Nureyev” em Moscou Foto: AFP
Cartaz anuncia a estreia do balé “Nureyev” em Moscou Foto: AFP
A crítica de balé russa Anna Gordéeva escreveu em seu perfil no Facebook que a afirmação de que o espetáculo não estava pronto é falsa. “Todos os participantes e espectadores do ensaio geral disseram que a performance estava pronta para seguir adiante e na verdade estava mais bem acabada do que muitas outras estreias”, escreveu Gordéeva.
Dançarinos do Bolshoi afirmaram à agência TASS que não consideraram a performance “crua”. “Já houve balés menos preparados no passado e mesmo assim foram apresentados ao público”, disse um espectador do ensaio. “Talvez seja uma das melhores produções de Póssokhov já feitas até hoje”, continuou.
Para muitos, a decisão de adiar a estreia da performance se deu por razões políticas.
O diretor Kirill Serebrennikov vem trabalhando na produção desde fevereiro sem pausa. Ele declarou ao jornal “Vedomosti” que não comentaria sobre o adiamento, dizendo apenas que “foi uma decisão do teatro”.
Kirill Serebrennikov Foto: Vyacheslav Prokofyev / TASS
Kirill Serebrennikov Foto: Vyacheslav Prokofyev / TASS
Durante a festa de encerramento da temporada de seu teatro, o Gogol Center, o diretor disse que, enquanto autoridades e regras mudam, a arte é permanente – e a performance eventualmente será encenada.
O compositor Iliá Demútski escreveu no Facebook que não iria comentar sobre o adiamento de “Nureyev”. “Haverá um pronunciamento oficial em breve. Eu amo todos os que trabalharam nessa obra de beleza extraordinária – artistas do balé para quem deveríamos construir um monumento, artistas da orquestra que me fizeram apaixonar por minha própria música. Amor. Isto é o que eu sinto pelas 600 pessoas que se prepararam para um balé que não irá existir”, disse ele.
Fonte:https://gazetarussa.com.br
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